O episódio que vamos relembrar nessa reportagem, envolveu dos políticos bastante conhecidos no estado da Paraíba. De um lado Ronaldo Cunha Lima, um político brasileiro nascido em Guarabira no brejo da Paraíba, em 1936. Ele ocupou diversos cargos públicos, incluindo governador da Paraíba em dois mandatos, deputado federal e senador. Cunha lima também foi poeta e escritor, ocupando uma cadeira na academia paraibana de letras.
Do outro lado da história; Tarcísio de Miranda Burity; um jurista, político, escritor e professor brasileiro nascido em João Pessoa em 1938. Ele ocupou cargos importantes, como governador da Paraíba em dois mandatos, deputado federal e secretário de Educação e Cultura do estado. Também ocupava uma cadeira na academia paraibana de letras.
A política brasileira é marcada por uma história de violência e atentados resultantes de rixas e brigas políticas. Um dos casos mais marcantes ocorreu em 1993, na Paraíba, quando o então governador Ronaldo Cunha Lima tentou matar o ex-governador Tarcísio Burity.
O Ataque
No dia 5 de novembro daquele ano, Cunha Lima, que era do PMDB, dirigiu-se ao restaurante Gulliver, na capital João Pessoa, onde Burity estava presente. Após uma discussão que começou em um debate na TV, Cunha Lima disparou três tiros contra Burity, que ficou em coma por vários dias, mas sobreviveu.
Motivos do Ataque
Segundo relatos da época, o ataque foi uma reação às críticas feitas por Burity ao filho de Ronaldo, Cássio Cunha Lima, que na época esta como superintendente da Sudene. As críticas proferidas contraCássio foram feitas em uma entrevista concedida minutos antes em uma emissora de TV de João Pessoa.
Desdobramentos do Caso
Cunha Lima foi detido pela Polícia Federal na noite do crime, mas foi liberado em seguida por ocupar um cargo político e possuir foro privilegiado.
Na época o Ministério Público denunciou Cunha Lima ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), instância para processar e julgar governadores, mas a Assembleia Legislativa da Paraíba, com maioria aliada à Cunha Lima, não autorizou a abertura da ação penal.
Em 1995, quando Cunha Lima foi empossado senador, o MP enviou o caso para o Supremo Tribunal Federal (STF), mas o Senado também não autorizou a abertura do processo contra ele.
O caso parecia que ia andar em 2001, quando a Emenda Constitucional 35 derrubou a necessidade de autorização do legislativo para julgar e processar políticos com mandato. Em 2002, o STF aceitou a denúncia e o inquérito contra Cunha Lima foi convertido em ação criminal.
Em 2007, quando o caso parecia estar próximo de ser julgado, Cunha Lima renunciou ao mandato de deputado federal cinco dias antes do julgamento. A renúncia fez com que ele perdesse o foro privilegiado e, assim, a análise do caso voltasse para a Justiça comum, na Paraíba.
Na carta de renúncia, afirmou que os disparos no rival The provocavam sentimento e dor mesmo passados tantos anos. Ele disse ainda que estava renunciando para ser julgado pelo povo da Paraíba. Essa estratégia fez com que Cunha lima ganhasse mais tampo, pois o processo voltou para a comarca João Pessoa. O ex governador morreu em 2012 e nunca foi julgado pelo crime.
Consequências
Dez anos após o ataque, Tarcísio Burity veio a falecer em 2003 devido a problemas cardíacos e falência múltipla de órgãos. O Caso Gulliver permanece como um exemplo de violência política no Brasil e destaca a complexidade do sistema judicial em casos envolvendo políticos.
Legado do Caso
O Caso Gulliver é um lembrete da importância de promover a tolerância e o respeito nas disputas políticas. A violência nunca é uma solução aceitável, e é fundamental que os políticos sejam responsabilizados por seus atos. A sociedade brasileira precisa refletir sobre como prevenir tais episódios e garantir que a política seja exercida de forma pacífica e respeitosa; afinal de contas a política deve ser praticada em prol da melhoria da vida das pessoas